Eleições legislativas levam mais de 10 milhões de portugueses às urnas no próximo domingo.
Serão 230 novos deputados que irão formar a nova Assembleia da República.
De acordo com as últimas pesquisas de intenção de voto, o partido do atual primeiro-ministro António Costa, o Socialista, será o mais votado na eleição legislativa.
No entanto, a sigla deve enfrentar um cenário recorrente em inúmeros países da Europa: terá que fazer uma aliança com outros partidos, pois apesar da vitória, não formará maioria absoluta.
Nova “Geringonça”
A atual aliança informal de esquerda que governa Portugal, especialmente entre o Partido Socialista, Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda, deve ser reeditada.
Essa aliança ficou popularmente conhecida em Portugal como “geringonça”.
Isso porque a aliança é inédita, mesmo os partidos sendo do espectro da esquerda.
Ela foi construída em 2015, logo após as últimas eleições legislativas.
Na ocasião, o então presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, que foi o chefe de estado por dois mandatos (2006 – 2016) indicou para primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, do seu partido, o PSD.
No entanto, os partidos de esquerda se uniram e não aceitaram o plano de governo apresentado por Coelho, que já exercia a função de premiê português desde 2011.
Diante deste cenário, o presidente Cavaco teve que indicar um nome do segundo partido mais votado nas eleições legislativas para o Parlamento, ou seja, o Partido Socialista.
O escolhido foi o atual primeiro-ministro lusitano, António Costa.
Porém, para ter sustentação de governo por meio de maioria no Parlamento, o PS teve que abrir espaço no governo para os demais partidos de esquerda. Daí então a união que ficou conhecida como geringonça.
Entretanto, mesmo governando o país há 4 anos, os partidos de esquerda em Portugal concorrerão individualmente nas eleições legislativas do próximo domingo.
Diante da iminente vitória do Partido Socialista, a costura da manutenção da aliança dos partidos de esquerda já é bem forte.
Direita em queda e ambientalistas em alta nas eleições legislativas
Diferentemente de vários países da Europa, como recentemente aconteceu na Áustria, a direita está em baixa em Portugal.
As pesquisas mostram que os partidos conservadores deverão ter um resultado muito aquém das expectativas nas próximas eleições legislativas.
O partido presente do campo da direita que deverá ter mais votos é o tradicional PSD (Partido Social Democrata).
Porém em nenhum momento da campanha representou ameaça ao Partido Socialista.
O partido do atual presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá ter uma redução de 20 deputados.
Com a questão do meio-ambiente em alta em todo mundo, o PAN – Pessoas-Animais – Natureza, deve ser a sigla que mais irá crescer no Parlamento.
O sistema político português
O atual regime democrático existe em Portugal desde 1974, quando caiu a ditadura de 40 anos do Estado Novo.
Está em voga no país um sistema político semipresidencialista.
O presidente da República é eleito por voto direto para um mandato de cinco anos.
Este é responsável por indicar o primeiro-ministro, que é apoiado por uma maioria no Parlamento.
Como vários países da Europa, o presidente é o chefe de estado e o primeiro-ministro é o chefe de governo.
As eleições legislativas, como a que acontecerão no domingo, acontecem de quatro em quatro anos.
O país é dividido em 22 círculos eleitorais que elegem os deputados. O número de deputados de cada círculo é proporcional ao número de eleitores na região.
São 18 círculos na região continental do país. O círculo de Lisboa é o maior, elegendo 48 deputados. Já o círculo de Portalegre é o menor, com a eleição de apenas 2 parlamentares.
Ainda há os círculos das regiões autônomas da Ilha da Madeira e da Ilha dos Açores.
Por fim, mais dois círculos são representados por portugueses que vivem fora do país. Um círculo refere-se aos portugueses que vivem na Europa e outro representa os portugueses que vivem nas outras partes do mundo.